13.2.11

ESCRITOR ERNESTO SABATO E SUAS PINTURAS


Alquimista
- Tais Luso de Carvalho

Mostro aqui, no Das Artes, Ernesto Sabato, conhecido escritor argentino. Mas não falarei do escritor e sim postarei algumas de suas pinturas. Apenas umas pinceladas biográficas, mas trago Sabato como artista plástico. 

Nasceu em 1911, em Rojas, Argentina. Tornou-se doutor em física em 1937. Foi pesquisador de laboratório de Curie, em Paris, mas uma visão premonitória e apocalíptica da bomba atômica levou-o a abandonar a ciência e dedicar-se à literatura. Em 1983 foi eleito presidente da Comissão Nacional de Desaparecidos Políticos, cujo trabalho originou o relatório Nunca más, conhecido como o Informe Sabato

'O homem de hoje vive em alta tensão, diante do perigo da aniquilação e da morte, da tortura e da solidão. É um homem de situações extremas, chegou aos limites últimos de sua existência ou está diante deles. A literatura que o descreve e o interroga só pode ser, portanto, uma literatura de situações excepcionais'. 

'Durante esse tempo de antagonismos, pela manhã me sepultava entre eletrômetros e provetas e anoitecia nos bares, com os delirantes surrealistas'. (Paris) 

Bem, mas segundo seu depoimento, sua primeira grande paixão, desde criança, foi a pintura, quando ainda não lia e nem escrevia. 

Passou para a tela seus pesadelos, suas alucinações e contradições de sua tumultuada existência, quando se envolveu, também, com a política. 

Segundo uma entrevista, dada por seu filho Mário Sabato, 'seu pai é a essência de um homem austero, que tem como seus maiores valores a justiça, a amizade, a liberdade e compaixão. Era obcecado pela ordem e econômico nos afetos. Proporcionava as tempestades e sua mãe os amanheceres'. 

Às vésperas de completar cem anos, Ernesto Sabato mantém uma rotina simples, em encontros com os parentes próximos - especialmente os três bisnetos, ao lado de livros de pintura e sob os cuidados de uma enfermeira. 

As pinceladas fortes, de marcada inspiração expressionista, revelam outra obsessão do autor: o interesse pelo retrato e, a partir dele, o fascínio pela representação dos olhos, não raro transfigurados em expressões de angústia e pavor. 

'Sim, são bastante horríveis - diz Sabato - não os colocaria na sala de jantar, obviamente'. 

'O homem não é um objeto passivo e, portanto, não pode se limitar a refletir o mundo; é um ser dialético (como seus sonhos o provam), longe de refleti-lo, resiste a ele e o contradiz. E esse atributo geral do homem se dá com mais histérica intensidade no artista, indivíduo geralmente anárquico e anti-social, sonhador e inadaptado'. 

É fatal que, de algum modo a arte esteja relacionada com a sociedade, já que a arte é feita pelo homem – mesmo que seja um ingênuo – não está isolado: vive, pensa e sente de acordo com sua circunstância.


FALANDO DOS MOVIMENTOS...


Além das influências provenientes dos grupos verticais, além dos fatores de temperamento que são próprios de cada indivíduo e que podem ocorrer em qualquer classe social, há ainda na arte uma força intrínseca que tem pouco a ver com a sociedade: atuam nela o cansaço e o capricho. 

Como as modas, no vestir, muitas de suas renovações ocorrem por esgotamento psíquico, por fastio, pelo simples prazer de ir contra a geração anterior ou contra inimigos poderosos na própria arte, por frivolidade, por rancor, por astúcia, pelo simples gosto da mudança. 

No livro O escritor e seus fantasmas - ed. Companhia Das Letras, o escritor fala do que pensa sobre os vários movimentos da arte. Logicamente seria muito extenso transcrever aqui os inúmeros pontos de vista e idéias de um autor da envergadura de Sabato, porém fica a dica para os interessados. Gostei de ter lido, afinal, há de se respeitar Ernesto Sabato. 

'A criação artística assemelha-se, em certos aspectos à contemplação mística, que pode ir também da oração confusa à visões precisas'. (H.Delacroix)


Dostoievski

Por qué gritará?
Nietzsche
auto-retrato
Virginia


7.2.11

INVENÇÃO DO OURO NAS ARTES / SUMÉRIOS



Vasilha de ouro com lápis-lazúli

- Tais Luso de Carvalho
O ouro, conhecido desde a antiguidade, não tinha nenhuma utilidade prática, mas foi usado ao longo da história como símbolo de prestígio. Sua história de sucesso começa no terceiro milênio a.C, quando os sumérios - primeiro povo a habitar a região da Mesopotâmia -, aperfeiçoaram o tratamento do metal com fins de ostentação de riqueza. Poderia se dizer que a história da ourivesaria e suas técnicas na manipulação do ouro se espalharam através dos sumérios para todas as civilizações antigas. 

Em algumas escavações, feitas por arqueólogos, o metal foi encontrado entre dois ladrilhos de terracota, perdido e prensado no chão de uma construção em Larsa, na Mesopotâmia. A princípio foi reconhecido pela sua durabilidade, inalterabilidade, beleza e divisibilidade.

Era um metal facilmente riscável, oferecia poucas vantagens, exceto sua raridade e seu aspecto reluzente. O economista K.Polanyi chamava-o de luxuries, por oposição às necessidades das sociedades não igualitárias, sendo de uso dos ricos e poderosos.

As primeiras peças de joalheria apareceram já na era neolítica. Jóias muito bem elaboradas apareceram nas ruínas de Ur, de Troia e de Micenas. Mas a principal característica do ouro é que ele não servia pra nada. Era inoxidável, não se alterava, mas na prática era menos útil do que o bronze ou o cobre.

Os sumérios fizeram uso notável do ouro; ainda hoje investiga-se a técnica que utilizavam para produzir filigranas e grãos. O ouro fascina porque simboliza o prestígio, o status, a distância, a alteridade. E só tem valor se a sociedade inteira o reconhece como tal.

O ouro só apareceu de maneira significativa nos inventários arqueológicos. Os túmulos de Ur é o indício indiscutível do nascimento e do fascínio por este metal e, assim, a aplicação e seu uso chegou até nós. Porém, logo após o enterro funeral, apareciam os saqueadores de túmulos para roubarem o ouro.

Esse lindo metal passou a circular pelo mundo afora, onde a maior reserva nos nossos dias - além de fazerem parte em obras de arte - encontra-se nos braços, pescoços e tornozelos das mulheres do mundo inteiro.
Hoje é jóia por excelência, o metal que realça a beleza.




Lira / Na tumba do Rei de UR

Adorno de ouro - cabeça / tumba da rainha Puabi
Elmo sumério na tumba de Meskalamdug

fonte / História Viva