20.5.23

TOULOUSE LAUTREC

Salon de la Rue des Moulins - 1894     /  fotos com zoom


          - Tais Luso de Carvalho


       Henri Marie de Toulouse-Lautrec nasceu em 1864 na cidade de Albi, ao sul da França. Pintor, desenhista, artista gráfico, ilustrador e litógrafo tornou-se um dos mais conhecidos   pintores do mundo da arte – por causa de sua deformidade. Era filho de um rico conde francês.  Após ter quebrado as duas pernas – tinha uma debilidade óssea -,  ficou com os membros inferiores atrofiados, enquanto o resto do corpo cresceu normalmente.  Sua estatura diminuta fez com que Lautrec fosse personagem de várias caricaturas.

Feio, muito baixo, pernas tortas, o Lautrec adulto refugiou-se na marginalidade de Paris com a qual se identificou, devido a seus sofrimentos por ter um aspecto chocante. Fez do cabaré Moulin-Rouge uma espécie de lar, pintando este e outros locais semelhantes, frequentados por gente de toda a espécie , onde se dançava o proibido Cancan.

Seu pai pagou para que o filho fosse estudar artes em Paris e alugou-lhe um atelier. Tornou-se conhecido em Montmartre onde passava as noites desenhando no Moulin-Rouge e em outras casas noturnas.

'Trato de pintar a verdade, não o ideal' – esse foi o lema de Henri Marie de Toulouse-Lautrec, o famoso pintor do submundo parisiense.

Dançarinas, bêbados, prostitutas, foram estas as personagens escolhidas pela angústia de Lautrec. Complexado, sofrendo contínuas dores, Lautrec fazia gosto em reproduzir as deformações morais das modelos, chegando quase à caricatura. As dançarinas Avril e La Gouloue tornaram-se famosas depois de retratadas por ele.

Toulouse não seguiu nenhuma escola artística, mas tirou de cada uma que conheceu, aquilo de que necessitava para reforçar a documentação de tudo que o rodeava. Do impressionismo adotou o emprego das cores puras . Mais desenhista do que pintor, aplicava a cor sobre o desenho. As técnicas de impressão fascinaram o pintor; se tornou o primeiro grande artista gráfico ao realizar cartazes anunciando espetáculos de teatro e do Molin-Rouge.

Costumava desenhar cartazes publicitários para seus lugares preferidos. Prostitutas, cabarés e cervejarias estão associados ao nome de Lautrec por ter levado uma vida boêmia. Adorava as mulheres e passava a maior parte do tempo em bordéis. Não só dormia com prostitutas, mas as retratava em suas pinturas. Suas obras retratam uma visão alegre como em  No Molin Rouge , O Beijo, As Duas Amigas.

Pintou muito em papel-cartão e usava uma tinta a óleo especial ou uma mistura de guache e têmpera. Lautrec foi influenciado por Paul Gauguin, Goya e Degas. Em contrapartida, influenciou outros artistas como sua modelo e amante Suzane Valadon. Lautrec era alcoólatra e sofria de sífilis. Estas duas doenças causavam-lhe longos períodos de depressão levando-o a morrer aos 36 anos.

Por jamais ter se submetido à fórmulas e programas exatos, Lautrec é considerado um dos artistas mais independentes de sua época.

Em todos os lugares Lautrec  desnudava momentos verdadeiros, representando o abandono e a miséria. Seus traços interpretavam momentos psicológicos das modelos revelando-os em sua obra. Porém nem sempre a crítica foi benevolente com Lautrec; alguns o acusavam de ser bizarro e contrafeito, de forçar na degradação, de embrutecer e deformar as fisionomias, enfim, desnudar e catalogar a boemia mostrando almas conflitadas.

Se dizia ausente de qualquer escola, apesar de ter sido um impressionista. Lautrec se impôs como o pai do cartaz moderno; trabalhava sem parar. Pintava, expunha, ilustrava programas de teatro e canções. Colaborava com diversas revistas e realizava coletâneas de litografias sobre a vida das prostitutas.

'Eu pinto e desenho o máximo que posso, até minha mão cair fatigada' – confessou certa vez.

Porém, enfraquecido pela sífilis e alcoolismo caminhou para a decrepitude física e mental. No final de sua vida era visto a perambular sob um guarda chuva, com um cachorro de cerâmica debaixo do braço.

Durante um período de isolamento, em que estava numa Clínica, Lautrec mandou um bilhete ao pai:
'Papai, você tem a oportunidade de agir como um homem honesto, se eu permanecer trancado, morrerei'.

Com a liberdade reconquistada, Lautrec retomou seu cavalete e trabalhou o máximo que pôde. Depois voltou a morar com a mãe onde morreu em consequência de um derrame cerebral em 1901.

Ficou em Albi, o Museu Toulouse-Lautrec.


Fotos com zoom
Baile em Molin-Rouge - 1890
Dança de Avril                        Inspeção médica no prostíbulo

  



Referências:
Grandes Artistas ed Sextante
Arte nos Séculos ed Abril Cultura.
Dicionário Oxford